quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CIRCO

Risadas com tempero perspicaz do Circo Zanni

Trupe circense paulistana desembarca no Sesc São Carlos nesta quarta (26), às

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Não há serragem à vista, nem tampouco lona como abrigo. Mesmo assim, o Circo Zanni está de mastro em pé. Na contramão dos desventurados artistas mexicanos do Circo Mantecón, trupe emblemática do romance "Santa Maria do Circo", de David Toscana; os da companhia tupiniquim não pararam no tempo, nem se acomodaram num único espaço. Pelo contrário, continuam com sebo nas canelas e donos de mente fértil, sempre aberta à virtuose fresca.

A próxima parada do Circo Zanni (simplesmente, Circo Zanni. Tradição herdada dos circos de ontem que estampavam apenas o nome da trupe como chamariz) está programada para a noite desta quarta (26), às 20h, no Sesc São Carlos. A passagem pela companhia circense, fundada em São Paulo no final de 2003, integra o programa batizado de "Quartas Divertidas".

Ao entrar na lona fictícia do Circo Zanni, o espectador assistirá a um espetáculo aos mesmos moldes dos da lona fixa  (e de verdade) da trupe, que ficou armada em São Paulo até o final de 2010 . Salvo, claro, as adaptações dadas à migração de local. Por serem de ordens físicas, as mudanças recaem, exclusivamente, aos números aéreos. "Criamos para o nosso espaço. Às vezes, não conseguimos adaptá-los para os que vamos", explica o artista Daniel Pedro, um fundadores do Zanni.

Apesar de tudo, o acrobata e malabarista do Zanni faz questão de citar as virtuoses aéreas que compõem o espetáculo. No em cartaz em São Carlos, cinco: corda indiana, arame, tecido, trapézio duplo ("um número em que um casal dança nas alturas ao som de um tango", completa) e o triângulo. O último aparelho, por exemplo, inventado por Erica Stoppel e Bel Mucci (integrantes da trupe), traz um rearranjo ao número tradicional da lira. "Em razão da forma modificada, ele possibilita novas evoluções acrobáticas", destaca.

Aliás, o flerte entre tradicional e contemporâneo se faz marca definitiva do Zanni. "A busca é do clássico, mas o número é novo. Nossa pesquisa nos leva a criar novas possibilidades e não só resgatar", completa. Soma-se ao fato a multiplicidade dos artistas, em busca de dominar o máximo possível dos saberes circense . Prova concreta disso, recai-se sobre a bandinha ao vivo que, formada pelo elenco (ao todo, dez artistas), segue a linha das corporações circenses de ontem (no viés dos metais, principalmente), mas com a levada de arranjos de hoje. Nesta pegada, "tocamos canções ciganas do leste europeu, jazz e até Michael Jackson". lista.

Outro ponto forte na identidade da trupe é o humor. Com "H" maiúsculo, para ser mais explícito. Não à toa, a comicidade está presente em basicamente todos os números da trupe. Não há distinção: vai desde as gags de clowns propriamente dita aos números acrobáticos ou de malabares. Na apresentação em cartaz, a graça atravessa com bastante entusiasmo números como o do trapézio e o de malabares.

Graça pura, mesmo, está no número "A Luta de Box". Protagonizada por clowns (não estão de rosto pintado, deixa claro o artista, mas seguem a estrutura cômica do humor de picadeiro), a cena possibilita ao espectador degustar o doce sabor da graça ingênua. De volta às raízes: a inspiração da esquete parte da lona tradicional. "No cinema Chaplin fez este número com bastante sucesso", completa Daniel, um dos integrantes da esquete.

A magia circense de impressionar também se alia ao espetáculo. No do Zanni, o espectador acompanha a figura de um artista ao traspassar uma bexiga gigante. Quase metódico, mas sem relevar o truque, Daniel explica a esquete: "A pessoa entra dentro da bexiga e sai sem que ela estoure". Mistério.

Serviço
O quê:
Circo Zanni
Quando: Quarta-feira (26), às 20h
Onde: Sesc São Carlos (Av. Comendador Alfredo Maffei, 700, Jd. Gibertoni, São Carlos, fone: 16 – 3373-2333)
Quanto: Entrada franca
Informações: www.circozanni.com

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